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Reassistindo Dawson's Creek


A minha educação sentimental se deu entre os anos 90 e 00, o que significa que eu sou, em muitos aspectos, um produto da TV à cabo. Enquanto adolescente com um certo poder aquisitivo e residente de um grande (quase grande, né Vitorinha?) centro urbano, eu de fato cresci assistindo Warner, SONY, Discovery, MTV, Espn e afins. Essa era a minha realidade, e é só dela que eu posso falar. Eu lia livros também, e ouvia música, e fui bastante incentivada a não perder de vista os "clássicos", posto que tenho uma mãe "das letras", mas a TV lá em casa nunca foi regulada - ainda bem.

Quando estreou em 1998, Dawson's Creek era diferente de tudo na TV americana. Acostumada a séries adolescentes extremamente paternalistas ou extremamente fúteis, a audiência teve que ajustar as suas expectativas para lidar com uma trama em que os jovens falavam complicado, assumiam responsabilidades e, em grande parte, curtiam ser os nerds/outcasts do pedaço. O diálogo é autorreferente e autodepreciativo desde o início, e toda a série é construída de maneira bem metalinguística, com os personagens se comparando aos estereótipos das séries de TV o tempo todo (o que depois virou moda em séries adolescentes).

Eu comecei a acompanhar DC com uma ou duas temporadas de defasagem para os Estados Unidos, mas logo me sincronizei e, aos 16 anos, assisti ao series finale junto com o resto do mundo. Aliás, mais sobre esse dia histórico depois (Vocês vão ter que aguentar uns cinco posts sobre esse assunto.) O importante agora é que, revendo tudo, não consigo identificar se eu já era de um determinado jeito antes de começar a assistir à série, e ela apenas intensificou o que já existia em mim, ou se ela realmente me transformou. Porque olha – estou toda ali. Da falta de vergonha em me assumir nerd e preocupada com os estudos à obsessão com a lua cheia, passando pela vontade ser escritora e culminando na necessidade de ser amiga dos caras por quem eu me apaixono – tudo veio de lá. Ou existia em mim e foi reforçado, não sei.

Sei que reassitir a série é como assistir a um filme da minha adolescência, com direito a trilha sonora indie e muito drama. E é impressionante como cada um dos personagens principais contribui para algum aspecto da minha personalidade. Sempre fui a Joey, assim como sempre fui a Carrie, mas a minha família era muito mais a família do Dawson, assim como o meu idealismo. Nunca fui auto-destrutiva como a Jen, mas é ela que eu encarno até hoje quando entro conscientemente numa vibe rebelde por algumas horas. O Pacey segue sendo o cara que eu gostaria de encontrar.

E vocês sabiam que o beijo do Jack e do Ethan foi o primeiro beijo gay do primetime americano? Isso há 15 anos, precisamente na virada do século.

Tantas emoções, gente. E olha que estou apenas na terceira temporada (a melhor, inclusive). True Love forever <3

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